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Mesmo com a crise, aumenta o número de funcionários que solicitam demissão nas empresas. Entenda:
As
pessoas estão cada vez mais insatisfeitas com o tipo de emprego que
ocupam, seja pelo ambiente ou pela remuneração que recebem. A visão do
trabalho também pode ter mudado a partir da pandemia, fazendo com que as
pessoas identifiquem novas possibilidades, como o home office, segundo a
opinião de Ana Paula Iacovino Dávila, professora na FAAP.
Estatísticas
De
acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados
(CAGED) houve mais de seis milhões de pedidos de demissão no período
acumulado até maio, segundo o levantamento feito pela LCA Consultores.
A
professora Bruna Vitória é uma dessas milhões de pessoas. No seu caso, a
pandemia fez com que ela percebesse que existiam outros modos de
trabalho que ela poderia exercer, sem ser na forma presencial. A
professora relata que passou "dois anos dando aulas para as crianças
de modo online. Vi que era possível ter uma vida diferente do que ter
que me deslocar todos os dias até a escola, perdendo muitas horas no
trânsito. Quando o pior da pandemia passou e a escola nos chamou de
volta, achei que era hora de sair."
Segundo
afirmam especialistas, o caso de Bruna faz parte de um fenômeno que é
mais comum nos EUA e na Europa, mas que acabou por também se manifestar
aqui: o "great resignation" (ou, em português, grande renúncia ou grande demissão).
A
grande maioria dos especialistas, entre eles a própria Ana Paula
Iacovino, apontam como origem inegável desse fenômeno a pandemia de
2020, que praticamente obrigou o uso de trabalhos remotos e home office
em geral.
Causas do Fenômeno
O
massivo movimento de demissão pode ter vários fatores de causa, desde
uma melhor condição e ambientação de trabalho (home offices), a uma
maior economia e remuneração bem como uma melhor satisfação e qualidade
de vida com trabalhos mais independentes e autônomos. Em consequência
disso, os trabalhadores que permanecem nas empresas acabam
sobrecarregados pelo serviço deixado pelos demitidos, o que gera uma
maior insatisfação dos funcionários, levando-os também a se demitirem, o
que constrói um círculo cada vez maior do mesmo movimento, preocupando
os empresários pelo déficit de eficiência que estão experimentando.
De
acordo com a professora de economia Vivian Almeida, esse fenômeno é
mais relacionado a trabalhadores jovens, com maior perspectiva e
liberdade de escolha profissional. Segundo a professora Vivian, "há
pessoas em geral buscando melhores oportunidades, mas há também uma
fatia de jovens que querem uma relação mais saudável entre vida pessoal e
trabalho".
Outro fator que auxilia o
movimento de auto demissão é a reforma da lei trabalhista, pois esta
permitiu ao trabalhador pedir demissão recebendo ainda metade do aviso
prévio e do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).
O Fenômeno em Nosso País
No
Brasil, este movimento de grande demissão ainda é localizado nos
setores mais elitizados do país, onde a mão-de-obra é mais qualificada e
o funcionário tem maior perspectiva de oportunidades mais rentáveis.
Essa parcela de profissionais consegue emprego mais fácil depois.
Em
nosso país, os número de demissões são altos, mas são necessários mais
estudos e dados mais precisos para entender melhor esse fenômeno
recente, segundo Ana Paula Iacovino.
Vivian Almeida, declarou ainda que este é um fenômeno de nicho, para poucos com renda maior.
Alex
Agostini, economista-chefe da Austin Rating, afirma que o fenômeno
deverá continuar até que a economia se estabilize, volte a crescer e a
gerar empregos de forma consistente.
Fonte: UOL
Tags:
Mercado de Trabalho