Especialistas afirmam que nova geração corre risco real de nunca conseguir se aposentar.


Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil



A nova realidade do mercado de trabalho, somada às mudanças nas regras previdenciárias e ao aumento da longevidade, levanta sérias preocupações quanto à aposentadoria das gerações mais jovens.



Especialistas apontam que, diante de tantos desafios, muitos jovens de hoje podem nunca alcançar uma aposentadoria como a das gerações anteriores.

Segundo Martha Zouain, psicóloga e diretora da Psico Store, o crescimento do trabalho autônomo e a queda na formalização das relações de emprego contribuem para essa incerteza. “Com vínculos menos estáveis, muitos trabalhadores não conseguem manter uma contribuição contínua ao INSS, o que compromete o futuro previdenciário”, afirma.

Além disso, a flexibilização das leis trabalhistas tem promovido formatos de trabalho mais dinâmicos, mas com contribuições previdenciárias irregulares. Para a especialista em gestão de pessoas Gisélia Freitas, essa informalidade crescente dificulta o acúmulo necessário de tempo e valor para garantir o benefício da aposentadoria.


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A consultora de RH Jéssica Maidana observa que, embora o empreendedorismo e os projetos independentes estejam em alta, eles exigem planejamento financeiro rigoroso desde cedo. “Sem disciplina e visão de longo prazo, os trabalhadores correm o risco de ficarem desassistidos no futuro”, alerta.

A advogada Nayara Garajau de Mello ressalta que os jovens entram no mercado em um cenário mais rígido, sem as regras de transição que beneficiaram gerações anteriores. Já a especialista em Direito Previdenciário Brenda Scarpino reforça que novas reformas podem tornar o acesso aos benefícios ainda mais restrito, o que torna indispensável um planejamento previdenciário desde o início da vida profissional.


Geração Z busca alternativas ao modelo tradicional de aposentadoria

Diante desse contexto desafiador, os jovens da Geração Z (nascidos entre 1997 e 2012) têm adotado novas formas de pensar o trabalho e o descanso. Um exemplo disso é a tendência chamada “microaposentadoria”, que propõe pausas intencionais na carreira para preservar a saúde mental, explorar novos interesses e manter o equilíbrio pessoal.

O conceito, que tem ganhado força especialmente nas redes sociais como o TikTok, foi popularizado por Guy Thornton, fundador da plataforma Practice Aptitude Tests. Em entrevista à Forbes, ele explicou que essa geração valoriza mais o bem-estar emocional e experiências enriquecedoras do que uma ascensão contínua na carreira.


Fim da aposentadoria como conhecemos?

A ideia de trabalhar por décadas em um emprego fixo até alcançar a tão esperada aposentadoria tem perdido força. Millennials (nascidos entre 1981 e 1996), por exemplo, já demonstram pouca confiança no modelo previdenciário atual, e muitos não contam com o benefício público para o futuro.

Fatores como o aumento da expectativa de vida, transformações nas relações de trabalho e mudanças nas regras da Previdência estão reformulando as perspectivas das novas gerações. As exigências atuais, como idade mínima mais elevada e critérios de contribuição mais rigorosos, tornam o acesso aos benefícios cada vez mais difícil.







Longevidade e instabilidade previdenciária

Graças aos avanços da medicina e melhorias na qualidade de vida, a população está vivendo mais. Embora isso represente um progresso, também exige um novo olhar sobre o tempo de contribuição e a sustentabilidade do sistema previdenciário.

A busca por equilíbrio entre vida pessoal e profissional tem crescido entre os jovens. Muitos priorizam saúde mental, realização pessoal e flexibilidade, enquanto se adaptam a um mercado de trabalho que exige constante atualização de habilidades.

O receio de que o sistema público não seja sustentável a longo prazo também tem aumentado. A sequência de reformas e a instabilidade econômica alimentam o ceticismo sobre a eficácia da Previdência Social em atender plenamente às gerações futuras.


Previdência em xeque: reformas à vista

Especialistas e autoridades reforçam a necessidade de novas reformulações no sistema previdenciário brasileiro para garantir sua viabilidade. Entre as propostas estão o aumento da idade mínima e a revisão do cálculo dos benefícios. Um estudo do Banco Mundial indica que, se nada for feito, a idade mínima para aposentadoria pode chegar a 78 anos até 2060.

O modelo atual, baseado na lógica de repartição simples — onde os trabalhadores ativos financiam os aposentados — enfrenta dificuldades diante do envelhecimento populacional. Projeções indicam que, em 2050, 30% da população brasileira será composta por idosos, o que exigirá constantes ajustes no sistema.

Com menos contribuintes e mais beneficiários, o equilíbrio da Previdência depende de mudanças estruturais urgentes para garantir sua continuidade e eficácia.





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